sábado, 19 de dezembro de 2009

E mais uma vez as coisas se tornaram claras e simples.
A culpa é sua. Sempre sua.
Ando de um lado pro outro. As mãos na cabeça...
Sinto aquela vontade de chorar que deixa os olhos úmidos. Guardo as lágrimas.
- Cansei. Quero ir embora. Nós fomos feitos um pro outro. Sei que não há ninguém no mundo que vá sentir por você o que eu já senti. Mas pra mim não dá mais. Amor também é querer ver o bem do outro. E eu já não faço mais bem para você.

Olho com raiva. Será você que tá falando isso pra mim.

- E os nossos anos????? E tudo que você mudou na minha vida? Agora é assim????? Vou embora!? Eu não esperava isso nunca. Jamais de você! - Disse segurando as mãos.

- Você vai aprender a viver sem mim. Afastei você das pessoas que você gostava, manipulava você, usava você. Não era isso que você me acusava de fazer? Pois viva sem mim.

-Não! - me joguei no chão - Não posso viver sem você. Você é como se fosse um pedaço de mim!!! Eu..Eu... - Chorando sentada sem conseguir te encarar.

- Adeus. Eu te amo. E sei que vai ficar bem. Mas pra mim não dá mais.

Agarrei o peso de papel na mesa e não pensei duas vezes. Arremessei bem no meio da sua cara.

Ali estava o espelho rachado no meio. Acertei onde queria. Agora duas de mim me encaravam ainda com uma lágrima a escorrer pelo canto da boca. Sabia que ela tinha ido. Passei a mão pela rachadura do espelho tentando encontrar a sua essência, algo que tivesse sobrado daquela outra que ainda pudesse guardar em mim.

Cortei o dedo e fiquei ali sabendo que aquela parte de mim me deixou pra trás.
Sentei na beira da cama e fiquei por horas encarando pensando no que faria dali por diante. Quem eu seria dali por diante.

E há alguns poucos quilometros dali tocava uma música alta, enquanto um homem moreno beijava uma mulher qualquer. Sem culpa, sem pudor. E porque ele teria isso???

sábado, 12 de dezembro de 2009

Por que precisamos de alguém?

Pode acontecer a qualquer hora do dia, de qualquer dia.
Numa sexta-feira as 17 horas numa tarde nublada.
Você decide que não quer mais fazer o que faz, quer mudar de profissão ou trocar de país, mas lembra que pra isso precisa de uma grana que não tem. E nem um passaporte... O sonho fica distante, mas a angústia segue ali dentro de você atazanando você brutalmente. A soluçao está bem na sua frente : O celular.
Você liga pra pessoa que mais conhece você, que decifra melhor suas neuroses, e não é a sua mãe e nem seu psiquiatra: é ele.

Do outro lado da linha, o seu amor ouve pacientemente toda sua narrativa turbulenta e irracional, todas as palavras que você despeja sem controlar a velocidade com que elas saem de dentro da boca num tom de súplica, desespero e inconformismo. Ele dá uma risada. Mas não uma risada de deboche e sim uma risada de quem já viu essa mesma cena duas mil vezes e diz:
"- Daqui a pouco estou aí e conversamos sobre isso."

Daqui a pouco passa rápido e ele chega. Você não está mais pensando exatamente aquilo que estava antes.Aquilo evoluiu para um diagnóstico emocional torturante e assustador: Você não vai trocar de emprego, nem de país simplesmente porque descobriu que é uma pessoa instável e com fraquezas que se revelam numa tarde nublada, e que sendo assim é melhor ficar onde está.
Mas chora. Ele está ali, é impossível não chorar.

Seu amor lhe dá um abraço de urso que faz estalarem sua terceira e sua quarta vértebras, segura você pelos braços com uma mão e a outra afaga seu rosto que cabe todo na mão dele. Ele diz que bom que você não vai embora então que tal um chopp pra comemorar ? Ao se olhar no espelho você se depara com uma mulher mais velha, e 750 ml de lágrimas mais inchada, mas antes que comece a chorar de novo ele diz: Tá linda, vamos.

Durante o chopp você ainda quer conversar. Fica rodando o copo entre os dedos, brincando com os palitos. Mais calma, conta pra ele como é difícil pra você manter as suas escolhas, que o mundo não te entende, que nem você mesma se entende e bebe mais um gole do chopp tentando se calar. Em vão. Começa a explicar que você não se conhece o suficiente e que tem medo das decisões que toma e dos rumos que traça, e jura que não é TPM dessa vez.
Ele diz que sente isso às vezes também, dá um puta beijo daqueles que fazem você esquecer escolhas, chopp, passaporte e diz olhando bem no seu olho:
"- É TPM, sim. Mas não tem importância."

Amor não é mais que isso.

(* Se fluir com você, sorte de nós dois - Tico Santa Cruz ) - Ao som de "Apague a luz - Detonautas Roque Clube